Aprender a utilizar o poder e a coragem

5º Trabalho
“A morte do Leão de Neméia”

Aprender a utilizar o poder e a coragem  


Assim descansava nosso herói. Foi então que lhe indicaram o Quinto Trabalho e para executá-lo, Hércules, armou-se até aos dentes, enquanto os deuses observavam-lhe os passos e as mãos firmes e o olhar decidido. Porém, no fundo do seu coração havia dúvidas, “Que estou fazendo aqui?” disse ele. “Qual é a prova, e porque razão estou assim armado?”

“Soou um chamado, oh Hércules, um chamado de profunda angústia. Teus ouvidos externos não responderam a esse chamado, e contudo, o ouvido interno conhece bem a necessidade, pois ouviu uma voz, sim, muitas vezes, falando-te da necessidade e incitando-te a ousar mais. O povo de Neméia procura a tua ajuda. Eles estão sofrendo muito. As noticias das tuas proezas espalharam-se. Eles procuram-te para que mates o leão que devasta a sua terra e vitima os seus homens.”

“É dele este som selvagem que eu escuto? É o rugido de um leão atravessando o ar que estou a ouvir?”, perguntou Hércules.

E o mestre respondeu-lhe: “Vai, procura o leão que devasta as terras que estendem além. O povo desta terra vive silenciosamente a portas fechadas, não ousam sair para as suas tarefas; não cultivam a terra, não semeiam. De norte a sul, de leste a oeste ronda o leão, e nessa ronda furtiva apodera-se de todos os que cruzam o seu caminho. O seu temível rugido é ouvido durante a noite e todos tremem por detrás das portas trancadas. Que farás tu, Hércules?”

E Hércules, o ouvido atento, respondeu à necessidade. Sobre o caminho ele depositou as suas armas, retendo para seu uso o ramo que cortara com as suas próprias mãos de uma tenra e verdejante árvore. Ele acreditava que o belo conjunto de armas o tornavam pesado e retardariam os seus passos. Não precisaria de nada mais a não ser o seu forte ramo; e com ele o seu coração destemido, caminharia à procura do leão. Mandou avisar o povo de Neméia que estava a caminho e disse que expulsassem o medo dos seus corações. Hércules andou procurando muito o leão. Encontrou os habitantes de Neméia escondidos atrás de portas fechadas, a não ser por alguns poucos que se aventuravam a sair movidos pela necessidade ou pelo desespero. A princípio aclamavam Hércules com júbilo, depois com dúvida ao verem que ele estava desarmado. Diziam-lhe que fosse buscar as suas armas porque o leão era muito perigoso e forte, porém ele não lhes respondia e continuava seguindo o rasto e o rugido do leão. Perguntava aqui e ali, onde estava o leão e alguém lhe disse que o havia visto perto da sua toca e Hércules dirigiu-se para lá, com medo, mas destemidamente; sozinho, contudo não solitário, pois havia outros que acompanhavam seus passos, esperançosos.
Repentinamente ele viu o leão que ao ver Hércules como um inimigo que não demonstrava medo, rugiu violentamente fazendo tremer as árvores. Hércules correu ao encontro do leão gritando loucamente. O animal parou estupefacto diante de uma proeza que ele jamais vira, pois Hércules continuava avançando. De repente o leão deu meia volta e correu, à frente de Hércules e desapareceu misteriosamente. Hércules vasculhou todo o Caminho cuidadosamente até que descobriu uma caverna de onde partiu um trovejante rugido. Ele penetrou na caverna escura e saiu do outro lado, para a luz do dia, sem encontrar o leão. Ali parado ouviu o leão às suas costas, não à sua frente.

“Que farei?”

Enquanto pensava, olhava ao redor buscando uma solução e ouvia o rugido do leão. Então viu algumas pilhas de toras e gravetos em profusão. Puxou-os e arrastou-os com toda a sua força, bloqueou ambas as saídas, encerrando-se a si próprio e ao leão dentro da caverna. Com as suas mãos nuas agarrou o leão, prendendo-o ao seu próprio corpo, apertando-lhe o pescoço. O hálito do leão queimava-lhe o rosto, mas sem afrouxar as suas mãos, mantinha-o preso. Os rugidos tornaram-se cada vez mais débeis; seu corpo amolecia e escorregava.

E, assim, sem armas, com as suas próprias mãos e a sua própria força, ele matou o leão, tirou-lhe a pele e mostrou-a ao povo do lado de fora da caverna.
Em triunfo, Hércules retornou ao seu Mestre, depositou a pele do leão aos seus pés e teve permissão para usá-la em substituição à velha e gasta pele que usava.

Este trabalho associa-se ao signo de Leão e Aquário. O Quinto Trabalho, o quinto signo. Este é o trabalho mais conhecido de Hércules e se distingue por ser o número cinco que contém em si mesmo um profundo significado. Do ponto de vista do ocultismo, o número cinco representa o homem, porque o homem é um divino filho de Deus, mais o quaternário que consiste na sua natureza quádrupla inferior: o corpo mental, o corpo emocional, o corpo vital e o corpo físico.

O Leão é a fera que existe dentro do homem, e que se representa pela cobiça, ego, inveja, arrogância, vaidade, ódio e todos os tipos de sentimentos de baixa vibração. Por causa desta fera, todas as pessoas vivem fechadas dentro de si mesmas e não confiam em ninguém, porque na verdade vivem encerradas com medo de si próprias, não as deixando em paz nem durante a noite.

Agora,ele se torna a “estrela de cinco pontas”, pois essa estrela é o símbolo da individualização, da sua humanidade, do ser humano que sabe que é um individuo e toma consciência de si mesmo com o “EU”. Aqui a relação entre o Quinto Mandamento com o Quinto Trabalho e o quinto signo torna-se clara: "Honra teu pai e tua mãe para que teus dias se tornem longos na terra que o Senhor, teu Deus, te deu", pois no signo de Leão, Pai-Espirito e a Mãe-Matéria se unem no individuo e dessa união resulta aquela entidade cosnciente que é a alma.
Leão é também o signo no qual o homem auto-consciente começa o seu treino para a iniciação. Quando o trabalho deste signo termina, começa o treino específico da iniciação, em Capricórnio.

O Leão de Neméia representa essencialmente a personalidade coordenada, dominante. Aqui, o aspirante, o leão de Judah, tem que matar o leão da sua personalidade. Tendo emergido da massa, e desenvolvido a individualidade (Aquário), ele então tem que matar aquilo que ele criou; ele tem que tornar inútil aquilo que fora o grande agente protector até o tempo actual.

O egoísmo, o instinto de auto-protecção, tem que dar lugar ao altruísmo que é literalmente a subordinação do ego ao todo.

Sufocando o ego (o Leão) com as próprias mãos, Hércules sai em silêncio da caverna libertando (Aquário) o povo.

Os sentimentos como ciúme, raiva, inveja, orgulho, e por aí fora, não são para ser eliminados, erradicados de nós pois isso é impossível. Se ao invés de os continuarmos a ignorar os trouxermos à luz do nosso coração e mente, eles transformar-se-ão rapidamente na sua versão mais elevada. Ignorar ou lutar contra alguma coisa é também uma forma de lhe dar força. Mas o herói ainda precisa de continuar a trabalhar essa parte, pois no fim cede ao orgulho e à necessidade de demonstrar as suas conquistas representado pelo novo fato que ganha com a pele do Leão derrotado.

 Se o herói continuar a matar os seus adversários, a Força nunca será domada.

Fonte:
http://ondaencantada10.blogspot.com.br/2009/09/os-12-trabalhos-de-hercules-5-trabalho.html


Comentários

Top posts